Especialistas cobraram nesta segunda-feira (27) mais rigor no diagnóstico e na prescrição de medicamentos para o tratamento do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) entre crianças e adolescentes. Eles participaram de uma audiência pública promovida pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado.
O debate foi sugerido pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), que alertou para “um aumento considerável nas taxas de prescrição de medicamentos” para o tratamento de TDAH. O parlamentar citou como exemplo a Ritalina, droga que tem como princípio ativo o metilfenidato.
A médica Maria Aparecida Affonso Moysés, professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas (Unicamp), apontou uma “epidemia de diagnósticos” de TDAH, realizados a partir de “critérios frouxos vagos e imprecisos”.
A neuropsicopedagoga Thicciana Maria Damasceno Firminiano, especialista no atendimento de crianças e adolescentes com TDAH, ponderou que a Ritalina “impacta na melhoria da qualidade de vida” de pacientes. Mas reconheceu que é preciso garantir um diagnóstico criterioso antes da prescrição.
A advogada Isaura Sarto, especialista em direito da pessoa com deficiência, é mãe de um garoto que, aos 3 anos, recebeu o diagnóstico de autismo. Ele foi tratado apenas com terapias e sem medicamentos até os 11 anos, quando também teve o diagnóstico de TDAH e passou a fazer o uso da Ritalina. A convidada defendeu a prescrição da substância para quem realmente precisa.
Segundo Christina Hajaj Gonzalez, representante do Conselho Federal de Medicina (CFM), a prevalência mundial de TDAH entre crianças e adolescentes varia de 3% a 5%. No Brasil, dois estudos apontam para prevalências de 1,8% e 5,8%, respectivamente. A especialista defendeu terapêutica adequada da doença.
Fonte: Agência Senado